O Realismo se instaurou na
Europa entre 1850 e 1880, principalmente na França, Inglaterra e Alemanha,
difundindo-se para o mundo, especialmente na América do Norte. Seus aderentes
recusavam a forma idealizada de se ver o mundo, negando a visão não naturalista
do Neoclassicismo e do Romantismo.
Os realistas de representavam questões
rotineiras e os hábitos das camadas média e baixa, as quais não pautavam seu
cotidiano segundo padrões de outras estéticas literárias. Esta corrente
difundiu-se tanto na escultura quanto na arquitetura e na literatura. No século
XIX, a Inglaterra estava na Era Vitoriana, caracterizada pela riqueza
ocasionada pela Revolução Industrial e ao seu extremo que era a extrema pobreza,
causa da industrialização em massa, que deixaram muitos na miséria, levando a pessoas
ao desespero, ao crime e a prostituição.
Uma
obra de destaque é Oliver Twist escrito por Charles Dickens que conta as
experiências e adversidades de um menino órfão. É um dos romances que o autor
trabalha com a delinquência provocada pelas condições difíceis da sociedade
inglesa da época. O livro foi adaptado ao cinema muitas e muitas vezes.
Sobressai-se a adaptação de David Lean de 1948, e a versão de Roman Polanski,
lançada nos cinemas em 2005.
A
versão de Polanski mostra muitos aspectos fiéis à narrativa escrita. O autor
denuncia as injustiças sociais através do menino órfão ao lado de outros
meninos órfãos que retratam claramente a pobreza, miséria, exploração
trabalhista e sexual das crianças. O filme consegue demonstrar tais elementos
com uma sujeira extrema, um ambiente escuro, sem cuidado ou qualquer tipo de
higiene. Através desses subsídios é possível perceber de forma clara como a
sociedade era retratada na obra de Charles Dickens. A obra destaca a vida de
Oliver Twist, que nas posses de uma gangue de ladrões e prostitutas
adolescentes, conheceu a marginalidade e a violência brutal de um sistema que
os deixam naquela condição miserável. É uma forte crítica ao sistema
capitalista que privilegia apenas alguns.
Polanski
também consegue trabalhar com o psicológico do personagem Oliver Twist, que é
mostrado dessa forma no cenário, quando o personagem foge de seu lar adotivo ,
procurando por melhores condições até chegar a Londres, a paisagem retratada no
filme é clara, mostrando campos verdes e um destaque para o céu que é bem azul
e muito luminoso, sendo essa uma metáfora para o espírito de Oliver que parece
estar sentido a liberdade e sente-se feliz com essa sensação. Porém, quando ele
chega a Londres ocorre uma mudança de cores, e a paisagem se torna mais pesada,
sombria e cinzenta o que de certa forma reforça os sentimentos de tristeza e
dor, sendo também, um anúncio que tempos difíceis viriam, mostrando
posteriormente a exploração que o mesmo sofreu pelas gangues marginais. Pode-se
destacar outra cena que expressa todo o psicológico do menino, é quando ele
está envolvido no roubo à casa do senhor Browlow, pois a cena é de uma chuva
forte e torrencial expressando o conflito que o personagem Oliver se encontrava
naquele momento, sendo que a chuva se intensifica ainda mais no decorrer de
toda a ação. A chuva também marca que o filme seguirá para um caminho mais
denso e pesado. A claridade volta com toda força no filme em seu desfecho
quando o menino se encontra feliz e protegido.
A
temática abordada por Charles Dickens ainda contém um tema muito atual, pois
até hoje a sociedade capitalista segrega uma parte da população, vivendo o
contraste da pobreza extrema e da riqueza extrema. No mundo todo, ainda muitas
crianças sofrem exploração trabalhista e também sexual. Portanto, entende-se
que a literatura tem esse propósito social de abordar temáticas sociais e fazer
refletir.
Referências:
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